terça-feira, 19 de outubro de 2010

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Reflexão.

A brisa do Amargoso.
José Cícero despertou subitamente. Sentiu falta do canto do galo que rompia o silêncio um tiquinho antes do amanhecer. “Que diabo, comemos o galo", pensou sem pensar. Virou-se na rede e viu os ossos triturados que se espalhavam pelo chão e ainda mexeu o queixo para lembrar a dor de mastigar aquela carne dura com os últimos cinco dentes que lhe restavam na boca. “Arre”, pensou e falou sua interjeição incompleta. Ainda quis acordar a mulher que roncava com a boca meio aberta, mas desistiu, ela não se bulia; parecia num coma, de tão apagada.
José Cícero ainda tentou levantar-se da rede, mas sua alma pesava mais que o corpo esquálido e assim permaneceu, olhando para o teto. Lentamente, pingos de luz brotaram pela palha esgarçada. Há muitos anos José Cícero não via aquela invasão lenta do dia; a última vez que contemplara a visita do sol por entre a carnaúba que protegia sua casa estava com febre e nem gostou do que viu. “Arre”, repetiu mais uma vez, sem emoção.
Há dois anos não chovia no Amargoso e José Cícero não queria ver mais uma manhã sem nuvens; na verdade, ele estava prestes a desistir da vida. Seu único desejo era continuar ali, deitado como um rei em berço esplêndido ou, quem sabe, como um náufrago que já não espera por salvamento. “Arre égua, que vida, essa minha”, completou a frase.
José Cícero nascera ali bem perto, no casebre que ladeia o charco onde cresce a cana. Dizem que no dia em que veio ao mundo, uma coruja deu um rasante com aquele vôo sinistro que soa como se rasgasse mortalha. Naquela manhã até pensou em sua sina de sofrer, mas aquietou o coração quando lembrou que o Tonho, a Zilda, o Bastião e todos os amigos de infância sofreram igualzinho - todos, desdentados.
Sem ânimo e sem força, empunhou a borda da rede e conseguiu se erguer. Os meninos dormiam, respirando no mesmo ritmo que Chica, a mulher que lhe parira os quatro meninos morredores - dos sete, só três vingaram. Enterrou Mundinho, o primogênito, quatro dias depois que nasceu; em sua vida curta, Mundinho só chorou.
Em pé, José Cícero abriu a janela que rangeu como um lamento e espiou as cruzes das quatro covas. Lembrou-se qual era a do Mundinho, a única que lhe provocou alguma lágrima. Quando enterrou Zé Carlos, Carminha e Cícero Junior sentiu igualzinho como se abrisse buraco para as sementes de feijão no mês de dezembro, pouco antes da chuva – que nunca vinha; nesses outros enterros, não mexeu nenhum músculo do rosto.
Parado, José Cícero parecia querer recobrar as forças do tempo em que serviu o Tiro de Guerra e ouviu do sargento que era cabra macho, bom de briga. Mas ainda não completara 37 anos e já se sentia um velho, carcomido pelas estiagens, pela gordura de porco que colocava no feijão ralo e pela água imprestável que deu a diarréia que matou os meninos. Imóvel, viu o sol arder e brilhar com uma força descomunal cobrindo o mato de um cinza mortiço.
Chica balbuciou alguma coisa, mas José Cícero não reagiu; absorto, tentava adivinhar onde enterrara os meninos. Contou da direita para a esquerda, quase soletrando o nome dos filhos, mas as cruzes não lhe falavam coisa alguma. Alguns passarinhos o despertaram daquele torpor e ele se voltou para o barulho que a mulher fizera. Não era nada, Chica ainda dormia.
José Cícero se inquietou, Chica nunca dormira até tão tarde. Chegou a pensar que a mulher fingisse para não ter que ir buscar água no barranco, mas se corrigiu: “Não, Chica nunca perdeu a coragem, isso ela tem de sobra”. Mas e os meninos, por que não acordavam? Temeu perder a família toda. “Se a coruja voar de novo rasgando mortalha, morre todo mundo”, pensou.
Já passava das sete, quando ouviu:
-O que tu tá fazendo, aí parado?. Era o jeito rude de desejar um bom-dia de dentro da rede.
– Sei lá, mulher, tô só, cá comigo, pensando na vida.
– E pensar na vida resolve nada?
– A gente tem que buscar água, porque a do pote secou ontem de noitinha. Avexe porque tô pedindo penico, mulher. Não agüento mais essa vida. Hoje não vou buscar água, não.
– Homem, deixe de coisa. E os menino? Se lembre que a gente ainda tem três pra dar de comer e de beber e não tem nada em casa.
– Pois é neles mesmo que estou pensando. Pra que viver do jeito que a gente vive, Chica? Minha vida foi só sofrimento e a deles também vai ser. Feliz foi o Mundinho que não teve que passar pelo que a gente passa e já é anjinho. Esses três vão virar gente grande e o que vai ser deles?Teve um pastor que passou por aqui me dizendo que se gente grande não se arrepender vai pro inferno. Então mulher, não é melhor morrer logo?
– Ciço, pára de besteira, você tá ficando doido. Não blasfema de Deus, teu padim, o Padre Cícero, vai pedir por nós.
Naquele exato momento, José Cícero se lembrou da romaria que fez até o túmulo do seu padim em Juazeiro. Voltou-se para o armador da rede e o chapéu de palha continuava pendurado para dar sorte; o mesmo que o padre benzeu prometendo que ia trazer fartura no próximo inverno - já fazia dois anos que não pingava quase nada. José Cícero perdera toda a plantação nos dois anos e não se conformava que, por mais que olhasse para o horizonte, as nuvens não empreteciam.
– Sabe, Chica? Eu acho que Deus não liga pra gente. Ele prefere os filhos do doutor Virgílio. Eu me lembro do dia em que o Tiago teve febre e o doutor me pediu para ir buscar o médico da cidade. Bastou o menino tomar a injeção e já tava bonzinho. A gente enterramos quatro filhos no chão seco, sem direito a caixão. Eu me lembro da hora que jogava terra na cara do Mundinho. Eu dizia: "Não é direito não ter nem uma caixa de sapato para proteger o filho dessa terra seca; nós nem pode enterrar com a rede porque tem que guardar a rede pros outro.
–Ciço, por favor, não fala desse modo. Eu te peço pela hóstia consagrada, não blasfema de Deus.
– Nesse mundão, cada um tem que se proteger como pode. Eu tentei, mas num tenho mais força, mulher. Comemos o galo e hoje não tem nada pra por no fogo. Como é que vou caçar? Vendi a espingarda que era do pai. E não tem mais nem tatu para matar, mulher. A seca tá muito braba.
– Pois eu vou aderir à lei dos crentes. Vou no culto deles pedir com muita fé pra Deus mandar chuva.
Chica se levantou, foi até o quintal, urinou, ajeitou a lata vazia na cabeça e seguiu para o barranco, antes que acabasse a água do dia.
Logo que chegou no buraco lamacento notou o pequeno filete d’água, mas só se alegrou de verdade quando notou a irmã Salete - a crente mais conhecida da redondeza.
– Bom dia.
–Bom dia, respondeu a irmã Salete, baixinho.
– Irmã, vim pedir pro modo de você pedir pra Deus pra ele mandar chuva.
Salete continuou calada. Chica precisou mirar os olhos da irmã para entender o que acontecia. Salete chorava com duas tiras de lágrimas correndo pelos sulcos cavados pelas rugas. Arquejada e abatida, tentava separar o barro com os dedos para que a água não se tingisse de branco. Chica perguntou o que estava acontecendo.
– Precisei vir mais tarde buscar água porque acabamos de enterrar os nossos dois filhos, a Miriam e o Pedro; morreram de diarréia.
Fez-se um silêncio constrangedor; não se ouviu mais nada a não ser um leve sicio do vento abrasador.
por Ricardo Gondim: www.ricardogondim.com.br

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

2012:

Conselhos aos postulantes:

Dois mil e dez já era. Agora é especular sobre 2012. Vou tecer alguns comentários sobre os PRINCIPAIS OBSTÁCULOS que enfretará os cinco provaveis candidatos que teremos no próximo pleito a prefeito na cidade. São eles: Pedrinho- PSDB, Pedro Bom-PSOL, Eliseu Daniel-PDT, Osmar Lopes-PT e Paulo Hadich-PSB.

Pedrinho:
Terá que apagar a marca que pegou de prefeito renunciante. Pois quando foi reeleito, deixou o cargo para sair candidato a federal, e perdeu. Seus opositores irão perguntar o tempo todo: quem garante que ele não irá renunciar novamente?.

Pedro Bom:
Terá que convencer o eleitorado de que seu tempo não passou. Que ainda tem muita lenha para queimar.

Eliseu Daniel:
Terá que desvincular o mais rápido possivel sua imagem da atual adm. Já que é tido como uma das mais suspeitas de fraudes da história. Seus opositores podem querer fazer ligação de sua imagem com a de Félix.

Osmar Lopes:
Terá que apagar a imagem de radical. Devido a sua atuação no meio sindical. Limeira não gosta de sindicalista.

Paulo Hadich:
Terá que apagar a imagem de autoritário. Pois foi essa uma das imagem que o edil atraiu. Embra tenha feito um bom mandato.

terça-feira, 5 de outubro de 2010

Bispo não saiu candidato.

Bispo Rodovalho esclarece que não deixou a política:
Olá meus queridos, que a graça e a paz de nosso Senhor Jesus Cristo seja sempre com cada um. Muitos têm me perguntado sobre o motivo pelo qual decidi não mais concorrer este ano à reeleição para deputado federal. Sei que devo uma satisfação e pretendo nesse momento esclarecer.
Antes de qualquer coisa quero agradecer a você, a Deus, e a toda a sociedade pelo apoio recebido neste mandato que está terminando em 2010.
Trabalhei muito enquanto deputado federal e apresentei mais de 105 projetos, destes, alguns já se tornaram leis e estão beneficiando nossa sociedade como "A Lei do Micro-Importador", e a "Lei do Empreendedor individual". No meu site você encontrará um vasto material de consulta e poderá se informar acerca de meu trabalho neste mandato. www.deputadorodovalho.com.br.
Presidi Comissões e Subcomissões parlamentares, tanto a do Meio- Ambiente, como também a Comissão de Constituição e Justiça.
Na área social distribui em parceria com os segmentos empresariais, mais de 370 toneladas de alimentos à população carente e também prestamos atendimento odontológico para mais de 15 mil pessoas com extrações e obturações gratuitas em ações sociais promovidas através do meu gabinete parlamentar.
Organizei também a Federação das Feiras para dar impulso aos feirantes e às suas reivindicações junto ao Governo local.
Quando estive à frente da pasta de Trabalho criei o programa ”A-Tenda Trabalhador", "Banco do Povo”, “Endereço do Povo" e tantos outros projetos que trouxeram qualificação e treinamento a dezenas de milhares de trabalhadores gerando novos empregos e derrubando os índices de desemprego no DF com os melhores resultados dos últimos 13 anos.
Quero continuar ajudando sim o meu país, esse Brasil que amo com todas as minhas forças, mas continuarei através do trabalho social e da política profética, a favor da Vida, da Família, da Igreja e dos mais carentes de nossa sociedade.
Na função de líder religioso e como responsável pela condução de milhares de jovens quero contribuir construindo um novo projeto de vida e de nação.
Estou absolutamente convicto do esgotamento do modelo político e social que nos envolve e é imperativo que encontremos o novo caminho para nossa sociedade.
Neste novo projeto quero me envolver e me doar.
Não abdico da política, apenas quero encontrar este novo caminho, que não seja como o atual e desgastado modelo, nesse desencontrado papel parlamentar.
O mundo mudou e com ele os valores e as necessidades, porém nossas instituições se estratificaram.
Precisamos urgentemente encontrar respostas aos novos desafios que nos apresentam. Estarei também envolvido nos projetos sociais, na qualificação e treinamento dos carentes não apenas em Brasília, mas em todo território nacional.
Assim sendo, conto com o apoio, o carinho e auxílio de todos os que com bom coração querem nos ajudar neste novo momento e reitero afirmando que são bem vindos, toda ajuda é bem vista.
Carinhosamente me despeço e espero encontrá-los na igreja, os que são de Brasília e para os de todos os estados do nosso país, podemos nos encontrar através do meu Twitter, no Blog, na SaraSpace, Facebook ou Orkut e contem sempre com os nossos sites para obterem todas as informações sobre o meu trabalho parlamentar e eclesiástico.
Estraído da nota publicada no blog do Bispo Rodovalho: www.bisporobsonrodovalho.blogspot.com